Estudo técnico do CESAM - Universidade de Aveiro revela que impacto foi localizado, registando uma recuperação gradual da qualidade da água do rio, após descarga acidental da estação elevatória de Monte Real.
A Comissão de Acompanhamento, constituída pela Secretaria de Estado do Ambiente, pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), pelas Câmaras Municipais de Leiria e da Marinha Grande, pela Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria (CIMRL), pela Associação de Regantes e Beneficiários do Lis, pelas Juntas de Freguesia da Vieira de Leiria e da União das freguesias de Monte Real e Carvide e pela Águas do Centro Litoral (AdCL), reuniu, no dia 13 de novembro, para apresentação do relatório prévio do Estudo de Avaliação de Impactos Ambientais, levado a cabo pelo Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM), da Universidade de Aveiro e para avaliar as ações desenvolvidas e os passos futuros na sequência da ocorrência na Estação Elevatória B7 (EEB7) de Monte Real, em Leiria.
A Águas do Centro Litoral continua a implementar um conjunto de medidas técnicas e ambientais no âmbito do processo de recuperação do rio Lis, na sequência da descarga acidental ocorrida na estação elevatória de Monte Real.
Desde setembro, têm sido realizadas campanhas regulares de monitorização da qualidade da água, também, em colaboração com o Centro de Estudos do Ambiente e do Mar da Universidade de Aveiro (CESAM-UA), para acompanhar a evolução das condições físico-químicas, biológicas e microbiológicas do rio e das valas agrícolas adjacentes.
Nesta reunião, o representante do CESAM apresentou os resultados preliminares do Estudo de Avaliação de Impactos Ambientais decorrentes da descarga acidental no Rio Lis, contratado pela AdCL, que indicam um impacto localizado e de curta duração, com sinais de recuperação das comunidades aquáticas e retoma gradual das condições ecológicas.
A abordagem do CESAM integrou dados físico-químicos, microbiológicos, biológicos/ecológicos e ecotoxicológicos para avaliar os efeitos do incidente de 12 de agosto de 2025 no rio Lis, distinguindo-os de pressões crónicas já conhecidas na bacia do Lis.
A amostragem, realizada a 9 de setembro em nove pontos a montante e jusante do local da descarga, revelou uma qualidade global “Razoável”, segundo o enquadramento legal aplicável (DL 236/98 e Diretiva-Quadro da Água).
Verificaram-se excedências de azoto e fósforo em vários locais, indicando contaminação difusa e risco de eutrofização, bem como baixos níveis de oxigénio a jusante, sugerindo episódios pontuais de carga orgânica. A nível biológico, as comunidades de fitobentos mostram sinais de recuperação rápida, enquanto as de macroinvertebrados evidenciam impactos compatíveis com um episódio agudo de poluição por efluente não tratado. Os testes ecotoxicológicos não indicaram toxicidade aguda significativa, apontando para uma retoma gradual das condições ecológicas.
Já a componente microbiológica revelou contaminação fecal persistente em toda a área, com valores de E. coli e enterococos, demonstrando as pressões antropogénicas da bacia do Lis. A observação destes valores elevados de E. coli e enterococos em vários pontos, incluindo a montante da EEAR B7, sugere a presença de outras fontes de poluição difusa ou pontual, que deverão ser investigadas para uma caracterização mais completa das pressões microbiológicas sobre o rio Lis, demonstrando as pressões antropogénicas da bacia do Lis.
O estudo ressalva que os picos registados durante a campanha de 9 de setembro de 2025 poderão estar associados às descargas de emergência ocorridas entre 48 e 72 horas antes da amostragem, em resultado do excesso de caudal pluvial, reportado nesse fim-de-semana. Este facto poderá também justificar os valores reduzidos de oxigénio dissolvido observados nos locais situados imediatamente a jusante da EEAR B7, refletindo contaminação recente e não consequências diretas da ocorrência de 12 de agosto de 2025.
Com base na evidência disponível, o estudo refere que não se justifica a delimitação formal de uma “área afetada” associada à descarga acidental de efluente não tratado de 12/08/2025.
De forma integrada, conclui-se que o incidente de 12 de agosto teve um impacto agudo, localizado e de curta duração, agravando pressões crónicas existentes, mas com sinais de recuperação subsequente.
Por outro lado, foram ainda apresentadas algumas medidas concretizadas pela AdCL, nomeadamente a instalação do reforço do sistema de desinfeção ultravioleta na ETAR do Coimbrão, a concluir até ao final do ano, que aumenta a eficiência do tratamento e a segurança ambiental. Está concluída a reparação e reforço do sistema de bombagem na Estação Elevatória B7, de modo a prevenir futuras ocorrências, estando em curso ações de maior resiliência no sistema de bombagem e elevação do rio Lis.
Paralelamente, foi adjudicado um estudo técnico e económico para definir a melhor solução de tratamento para o subsistema de Vieira de Leiria, estando em aberto duas soluções: o encaminhamento do efluente para tratamento na ETAR do Coimbrão; e a alteração do sistema de tratamento na ETAR de Vieira da Leiria com adaptação aos novos VLE (valores de limite de emissão), impostos pela APA.
Com estas ações, a Águas do Centro Litoral reafirma o seu compromisso em proteger o ambiente, garantir a segurança dos sistemas de saneamento e contribuir para a recuperação plena do ecossistema do Lis.
A Comissão de Acompanhamento continuará a monitorizar de forma próxima todas as ações em desenvolvimento, estando a próxima reunião agendada para o dia 15 de janeiro de 2026, na ETAR do Coimbrão.